Uma profissão perigosa, essa de jornalista. Quase todos os dias aparece um espertalhão querendo se valer ou do anonimato, ou da calúnia para espetar alguém. E a responsabilidade vai ser quase sempre do jornalista.
Plantar notícia em jornal é quase tão freqüente quanto mau-caratismo de gente bem graduada ou filhotismo que pretende passar para trás alguém que possui maior mérito.
Muitas vezes, a notícia que pretende ser plantada é cheia de verossimilhança. É muito difícil de duvidar-se dela, tão bem ela está encaixada dentro de uma situação, de um escândalo que já vem se desenvolvendo, ou então se coaduna perfeitamente com a personalidade já fragilizada de alguém.
Mas é falsa a notícia que se pretende publicar. Ou então é verdadeira mas não há como prová-la e o jornalista que intenta a divulgação fica segurando no pincel, sendo responsabilizado por não ter preenchido o ônus da prova.
É muito perigoso ser jornalista. E mais ainda, como me aconteceu há 20 dias, faltando apenas 25 minutos pra eu entrar no Jornal do Almoço, me veio a informação bombástica. Tive apenas alguns minutos para checá-la, não como eu queria amplamente, mas perifericamente como mal eu desejava.
E tive de dar a notícia. Arriscando a minha pele, embora com dados que me davam a chance maior de acertar do que errar.
E aí passei o dia crivado de desmentidos dúbios, na incerteza, no mar da dúvida.
Até que, às 19h, veio a confirmação da notícia, que se espalhou então triunfante por todos os veículos de comunicação, os da trincheira e os concorrentes.
É a consagração. Mas é fruto de muito trabalho, nervosismo, tensão.
E credibilidade. Credibilidade do veículo em que se trabalha, seja televisão, rádio ou jornal.
E credibilidade do jornalista. Que significa uma longa história da relação entre o jornalista e seu público.
Uma história de fidelidade à verdade. Uma história de lealdade do jornalista com os conteúdos do seu trabalho, endereçados à causa da informação e ao bem da coletividade, em primeiro lugar, ao interesse do leitor, do ouvinte, do telespectador, em segundo lugar.
Mas essa luta toda acaba proporcionando grandes vantagens. A repercussão desses embates acaba proporcionando uma preferência das fontes para o jornalista prestigiado, as notícias acabam desembocando ao natural nos braços do profissional designado pelo esforço e pela idoneidade para recepcioná-las.
Valeu a pena.
Autor do Texto: David Coimbra