"É muito perigoso ser jornalista", por David Coimbra

sábado, 1 de novembro de 2008

Uma profissão perigosa, essa de jornalista. Quase todos os dias aparece um espertalhão querendo se valer ou do anonimato, ou da calúnia para espetar alguém. E a responsabilidade vai ser quase sempre do jornalista.

Plantar notícia em jornal é quase tão freqüente quanto mau-caratismo de gente bem graduada ou filhotismo que pretende passar para trás alguém que possui maior mérito.

Muitas vezes, a notícia que pretende ser plantada é cheia de verossimilhança. É muito difícil de duvidar-se dela, tão bem ela está encaixada dentro de uma situação, de um escândalo que já vem se desenvolvendo, ou então se coaduna perfeitamente com a personalidade já fragilizada de alguém.

Mas é falsa a notícia que se pretende publicar. Ou então é verdadeira mas não há como prová-la e o jornalista que intenta a divulgação fica segurando no pincel, sendo responsabilizado por não ter preenchido o ônus da prova.

É muito perigoso ser jornalista. E mais ainda, como me aconteceu há 20 dias, faltando apenas 25 minutos pra eu entrar no Jornal do Almoço, me veio a informação bombástica. Tive apenas alguns minutos para checá-la, não como eu queria amplamente, mas perifericamente como mal eu desejava.

E tive de dar a notícia. Arriscando a minha pele, embora com dados que me davam a chance maior de acertar do que errar.

E aí passei o dia crivado de desmentidos dúbios, na incerteza, no mar da dúvida.
Até que, às 19h, veio a confirmação da notícia, que se espalhou então triunfante por todos os veículos de comunicação, os da trincheira e os concorrentes.

É a consagração. Mas é fruto de muito trabalho, nervosismo, tensão.

E credibilidade. Credibilidade do veículo em que se trabalha, seja televisão, rádio ou jornal.

E credibilidade do jornalista. Que significa uma longa história da relação entre o jornalista e seu público.

Uma história de fidelidade à verdade. Uma história de lealdade do jornalista com os conteúdos do seu trabalho, endereçados à causa da informação e ao bem da coletividade, em primeiro lugar, ao interesse do leitor, do ouvinte, do telespectador, em segundo lugar.

Mas essa luta toda acaba proporcionando grandes vantagens. A repercussão desses embates acaba proporcionando uma preferência das fontes para o jornalista prestigiado, as notícias acabam desembocando ao natural nos braços do profissional designado pelo esforço e pela idoneidade para recepcioná-las.

Valeu a pena.

Autor do Texto: David Coimbra

1 Comment:

Blog do Chamba said...

Gostei muito desse texto, e da maneira que o autor escreve. Por isso resolvi postar aqui no meu blog. Abraços e vejam esse texto que é muito bom.